Artigo publicado em revista científica internacional detalhou o monitoramento de incêndios na RPPN Sesc Pantanal e apontou que conhecimento e experiência locais são essenciais para uma gestão eficiente do fogo.
A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal, localizada em Barão do Melgaço (MT), foi objeto de estudo científico sobre as variações climáticas das últimas décadas e as relações com a biodiversidade, os ciclos hidrológicos e os incêndios florestais. A pesquisa intitulada ‘Unindo forças contra os incêndios florestais: ciência e gestão em área protegida no Pantanal’, publicada na revista científica ‘Environmental Science & Policy’, destaca a importância da abordagem do Manejo Integrado do Fogo (MIF) como uma eficiente estratégia para proteger a maior planície alagável do mundo.
A pesquisa, liderada pela pesquisadora Patrícia Silva, utilizou dados de satélites ambientais do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais – UFRJ (LASA) para analisar a incidência e vulnerabilidade da reserva quanto aos incêndios florestais. Também foram validadas análises de sensoriamento remoto relativas à extensão das áreas queimadas nos últimos anos, mostrando a eficiência nesse mapeamento. Dentre os resultados, destaca-se 2020 como um ano atípico, quando cerca de 65% da reserva ficou em chamas.
De acordo com a análise da pesquisa, ao longo das últimas quatro décadas, houve um aumento na temperatura e na velocidade do vento, além de uma diminuição na umidade relativa do ar e na precipitação, criando condições favoráveis para a ocorrência de incêndios durante os meses mais críticos. Essas mudanças climáticas foram refletidas dentro da reserva particular e reforçaram a necessidade de desenvolver uma gestão integrada e adaptativa do fogo para preservar o microclima, o ambiente e a biodiversidade da reserva.
Mesmo com a eficácia dos dados de sensoriamento remoto, os pesquisadores identificaram limitações significativas para análises em escala espacial menor. Isso porque foram encontrados erros em relação à leitura de nuvens, corpos d’água, áreas inundadas e estradas, que inicialmente resultaram na superestimação das áreas queimadas. Os pesquisadores, então, destacaram que, para uma análise mais apurada, um fator importante deve ser a “combinação desses dados com o conhecimento e a experiência local”.
Outro ponto mostrado pela pesquisa foi que a maioria das áreas onde se originaram os focos de incêndios estava fora dos limites da reserva e se espalharam para dentro, danificando gravemente os ecossistemas.
Integração e conhecimento
O estudo enfatiza a importância de um Manejo Integrado do Fogo, que envolve a colaboração entre agentes locais, comunidades do entorno, poder público por meio dos bombeiros, investimentos em infraestrutura, além de educação ambiental “para reduzir as fontes de ignição e reforçar o valor ecológico da reserva”.
Trecho da pesquisa diz que, em 2021, as primeiras queimas prescritas experimentais foram aplicadas em três pequenas áreas na reserva para ajudar os gestores a entender melhor o comportamento e os efeitos do fogo. “Associada ao aumento dos esforços de pesquisa, como o presente estudo, essa expansão do conhecimento combinada com as necessidades de gestão do fogo, levou à decisão de implementar a abordagem MIF na reserva”.
Para os pesquisadores, entre eles a gerente-geral do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Cristina Cuiabália, e o gestor da RPPN Sesc Pantanal, Alexandre Enout, as descobertas do estudo forneceram informações valiosas para a tomada de decisões na gestão de incêndios na maior reserva natural privada do Pantanal e também ressaltam a aplicabilidade do método a outras áreas protegidas globalmente.
“Nossas descobertas destacam ainda mais o papel das políticas de gerenciamento de incêndios na ocorrência e prevenção de incêndios florestais e se alinham com estudos recentes para o Pantanal e em todo o mundo sobre a introdução de uma abordagem integrada de gerenciamento de incêndios como uma possível solução”, finaliza a pesquisa, que também contou com a colaboração dos pesquisadores Julia Rodrigues, Joana Nogueira, Livia Moura, Carlos DaCamara, Allan Pereira e Renata Libonati.
Pioneirismo do Sesc Pantanal na queima prescrita
Referência em gestão de incêndios no Pantanal, a RPPN Sesc Pantanal começou em junho deste ano a executar a técnica da queima prescrita como parte do Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF), que pode ser acessado no site www.sescpantanal.com.br. A queima já havia sido realizada na área em 2021, em caráter de pesquisa.
Iniciativa inédita em unidades de conservação do Pantanal Norte (Mato Grosso), o modelo prevê a queima de algumas áreas na RPPN, em vegetação mais adaptada ao fogo, o que contribui para a conservação do local, conforme explica o gestor da RPPN Sesc Pantanal, Alexandre Enout.
“O diferencial de atuar com o Manejo Integrado do Fogo é que abre uma nova visão de trabalhar com o reflorestamento, a restauração das áreas impactadas, inclusive junto com as comunidades tradicionais, fazendo essa integração. Abre também uma perspectiva de melhorar o trabalho de educação ambiental, levando informação ao grande público e também às comunidades locais e instituições que trabalham com a gente, mostrando um exemplo de gestão para que outros compartilhem esses mesmos procedimentos, beneficiando todos no entorno”, enfatiza Alexandre, destacando o pioneirismo do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, iniciativa nacional do Sistema CNC-Sesc-Senac.
A RPPN Sesc Pantanal desenvolve um dos mais importantes projetos de conservação privados do país e é referência para todo o Brasil. Com 108 mil hectares, a unidade de conservação é considerada um laboratório a céu aberto do Pantanal, onde já foram realizadas mais de 100 pesquisas nacionais e internacionais sobre o bioma e a principal coleção de pesquisas pode ser acessada pelo site www.sescpantanal.com.br.
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